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sábado, 14 de julho de 2012

Modelo autossustentável atrai participantes


Tornar a propriedade autossuficiente é um dos desejos de grande parte dos produtores rurais. Com um biodigestor, isso pode se tornar realidade. A partir dos resíduos da fazenda, é possível produzir energia elétrica e até vender créditos de carbono. É o que os participantes do curso de Construção e Manejo de biodigestores rurais aprenderam na Semana do Fazendeiro.

O biodigestor é um sistema de tratamento de resíduos. A matéria orgânica é levada para uma câmara, na qual ocorre a digestão dos dejetos, de forma anaeróbica, ou seja, sem oxigênio. Desse processo é retirado o biogás, que pode ser usado como fonte alternativa de energia. Um volume de 30 metros cúbicos de biogás equivale a um butijão de gás de cozinha. Dois desses botijões aquecem mil aves durante 15 dias. 

O biogás é formado, principalmente, por metano, gás carbônico, vapor de água e ácido sulfídrico. Como o metano é um gás quatro vezes mais poluente que o CO2, ele precisa ser queimado e essa queima pode ser convertida em créditos de carbono, negociáveis no mercado internacional. Esses créditos, ou Redução Certificada de Emissões, (RCE) são certificados adquiridos por uma pessoa ou empresa que reduz a emissão de gases do efeito estufa.

Além da energia gerada pelo biogás, do biodigestor é possível retirar um biofertilizante rico em nutrientes e usado como adubo nas plantações.

Segundo Maurílio Duarte Batista, estudante de mestrado em engenharia agrícola e instrutor do curso, o sistema é viável e o lucro depende do tipo do biodigestor e do tamanho da fazenda.
Depois da aula teórica, os participantes foram a uma propriedade rural conhecer o processo de perto e confirmaram a eficácia do biodigestor.

O proprietário rural Ronaldo Lontra veio do Espírito do Santo para conhecer o processo e quer implantar um biodigestor na sua propriedade. “Além de não agredir o meio ambiente, ter uma fonte alternativa de energia e de adubagem é uma necessidade para mim”, afirma Ronaldo.  O produtor José Ferreira de Matos também é capixaba e vai levar o conhecimento adquirido no curso para baratear os custos na fazenda.





Troca de Saberes promove debate sobre uso de agrotóxicos


A quarta edição do Troca de Saberes, realizado de 7 a 10 de julho, na 83ª Semana do Fazendeiro, contou com a participação de 320 agricultores. Eles vieram de cerca de 15 municípios da região, representando sindicatos, associações, cooperativas, movimentos sociais, organizações não-governamentais e escolas agrícolas. O objetivo? Participar de encontros que envolveram instalações pedagógicas sobre 27 temas, apresentações culturais e, sobretudo, a troca de experiências e o compartilhamento da esperança da prática de uma agricultura sem agrotóxico. 


Segundo o coordenador geral do projeto, Antônio Bento Mancio, este ano a articulação entre os grupos participantes foi mais intensa em relação ao tema e ao desejo de encontrar uma solução para o uso indiscriminado do agrotóxico. Até porque, de acordo com relatório divulgado pela Food and Agriculture Organization (FAO), da Organização das Nações Unidas (ONU), somente os brasileiros consomem 5,2 litros de agrotóxicos por ano. Esse dado coloca o Brasil na posição de maior consumidor do mundo.


Para discutir o assunto, o Troca de Saberes realizou a mesa temática Agrotóxicos x Agroecologia. Dentre os participantes estava o deputado federal Padre João, relator do projeto sobre os malefícios do uso indiscriminado de agrotóxico no país, aprovado pela Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados.

O professor do Departamento de Veterinária da UFV Laércio dos Anjos Benjamin, que também participou da mesa, promoveu uma instalação pedagógica em que mostrou, no laboratório, como acontece a intoxicação dos peixes pelo agrotóxico. Após a mesa, houve a encenação da peça teatral Auto do Boi Envenenado, seguido de um ato público contra o uso abusivo de agrotóxico.

Para Bento, um dos avanços da edição 2012 do Troca de Saberes foi a existência de um tema geral. Neste caso, os agrotóxicos. Para o próximo ano, o modelo deverá ser o mesmo. O professor lembra também que o projeto utilizou duas metodologias para interagir melhor com os participantes: o Círculo de Cultura Paulo Freire e o Café do Mundo. Segundo Bento, a comissão organizadora pretende criar para 2013 um espaço específico para os jovens.

Todos os dados da Troca de Saberes, agora, serão sistematizados e posteriormente divulgados para que os participantes e a Universidade tenham um retorno da iniciativa.