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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Cerimônia de abertura destaca inclusão crescente da Semana do Fazendeiro

O canto e a dança da bailarina Eunice Izabel dos Santos, a Bel, e de sua filha Eshiley Emanuele dos Santos, de 10 anos, deram início à cerimônia de abertura oficial da 85ª Semana do Fazendeiro, na noite deste domingo (27), no Espaço Acadêmico-Cultural Fernando Sabino. Com roupas e pinturas no rosto que remetiam a rituais do tempo da escravidão, elas entraram no local cantando Quando eu era criança, cuja letra entoava a esperança: “Deus é o maior; vai me ajudar a vencer”.

A apresentação das duas motivou o secretário executivo do Ministério da Educação e ex-reitor da UFV, Luiz Cláudio Costa, a fazer uma rápida reflexão sobre a história dos negros no Brasil, que, embora libertados há 126 anos, ficaram décadas excluídos da educação formal. Apesar do crescimento do número de jovens negros nas instituições de ensino nos últimos anos, o secretário reconhece que ainda há muito que avançar. Mas tem a convicção de que “a filha da Bel terá mais oportunidades” do que gerações anteriores. Durante seu discurso na cerimônia de abertura, o professor Luiz Cláudio Costa destacou o papel da UFV com a Semana do Fazendeiro que, “cada vez mais, tem sido capaz de dialogar com os diferentes setores”. E essa característica, em sua opinião, “é o segredo e o grande desafio de uma universidade”. Para ele, a Semana do Fazendeiro tem possibilitado que novas perguntas sejam feitas para a Universidade responder. São essas novas perguntas, em sua avaliação, que vão “ajudar a construir uma universidade cada vez mais comprometida em fazer do Brasil um país mais justo e a construir uma realidade de inclusão”.

Inclusão, por sinal, é o que busca de maneira crescente a Semana do Fazendeiro, segundo o pró-reitor de Extensão e Cultura, Gumercindo Souza Lima. Em seu discurso, ele lembrou que a preocupação em incluir jovens, mulheres e a prática agroecológica acabou por transformar a Semana do Fazendeiro em um “evento múltiplo, com outros eventos agregados”, como a Semana da Juventude Rural, a Semana da Mulher Rural e a Troca de Saberes, que, a cada ano, levam ao campus Viçosa da UFV um número maior de participantes. Somente em 2014, serão cerca de três mil agricultores e agricultoras participando das atividades. O pró-reitor lembrou ainda a dimensão da equipe envolvida na realização da Semana do Fazendeiro. São 140 pessoas distribuídas em 29 subcomissões, além de mais de 300 em setores como os de manutenção, transporte e segurança, e mais de 300 - professores e técnicos - oferecendo cursos e clínicas tecnológicas.

Todos eles, juntamente com os agricultores e agricultoras, receberam um agradecimento da reitora da UFV, Nilda de Fátima Ferreira Soares, que encerrou a cerimônia de abertura. Ela lembrou ao público o contexto de criação da Semana do Fazendeiro, em 1929, quando o mundo enfrentava a mais séria crise econômica da história. Desde a origem do evento, seus objetivos têm sido os de oferecer capacitação e promover reflexões que ajudam a ampliar as possibilidades de melhoria de vida dos agricultores. E isso, conforme a reitora, tem se estendido na UFV para além da Semana do Fazendeiro. Um exemplo é a adesão da Universidade ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), por meio do qual estão sendo adquiridos banana prata, pó de café e feijão de agricultores familiares da região para o restaurante universitário do campus Viçosa.

Educação do Campo
A implantação, em 2014, do curso de Licenciatura em Educação do Campo também caminha nessa direção, uma vez que, de acordo com a professora Nilda, “vai possibilitar à UFV formar pessoas que já estão no campo e que têm interesse em fazer com que a educação possa ser realizada ali”. E ressaltou: “que sonho seria se pudéssemos voltar a ter as escolas do meio rural”. Este sonho, que, inclusive, foi reivindicado pela reitora ao secretário executivo do MEC, foi também comentado pelo agricultor Romualdo José Macedo, que, na cerimônia, representava os participantes da Troca de Saberes. Ele, que é um dos 120 alunos do curso de Licenciatura em Educação no Campo, disse que é “uma honra fazer parte da UFV em um curso que é uma iniciativa criada em parceria com os movimentos sociais do campo”. Romualdo destacou o papel do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata Mineira (CTA-ZM), com sede em Viçosa, que “faz a ponte entre a UFV e os agricultores e agricultoras familiares da cidade e região”.

A abertura de espaço para os agricultores ficarem mais próximos e juntos da UFV foi reconhecida por Romualdo e justificada pela reitora ao lembrar que a agricultura familiar é responsável por cerca de 40% dos alimentos, em especial de grãos, consumidos no Brasil, apesar de ocupar somente 25% da área agrícola do país. “Há uma grande quantidade de alimentos que está sendo produzida nesta pequena propriedade. Então, é preciso que tenhamos um olhar profundo e com muito zelo para que esta agricultura seja cada vez mais produtiva e pratique a agroecologia, sem o uso de agrotóxicos. Que a gente possa nos mobilizar cada vez mais e que a Universidade possa ser esse centro gerador, coletivo de construção de saberes para o país”, desejou a reitora.

A cerimônia de abertura contou também com as presenças do vice-reitor da UFV, Demetrius David da Silva; do assessor especial da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Niwton Castro Morais; do diretor técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Milton Flávio Nunes; do diretor de Administração e Finanças da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Flávio Eustáquio Ássimos Maronii,  do superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Antônio do Carmo Neves, e do prefeito de Viçosa, Celito Francisco Sari.

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