Depois
de três dias de discussões agroecológicas, apresentações artísticas,
culturais e de expressão popular, dinâmicas e exposições chegou ao fim a
quinta edição da Troca de Saberes. O evento teve início no dia 13 de
setembro, com o objetivo de criar um momento de interação e
compartilhamento de conhecimentos entre agricultores e universidade.
Aproximadamente 200 pessoas da região Sudeste participaram da Troca,
que, este ano, aconteceu em torno do tema Vida em abundância: agrobiodiversidade e educação do campo.
Sob
uma grande tenda, localizada no gramado do antigo prédio da Química, as
pessoas participaram de uma ampla programação, que incluiu oficinas e
apresentações de corais, teatro e grupos culturais da região. Várias
instalações artístico-pedagógicas utilizaram a metodologia do Círculo
de Cultura, baseado nos referenciais do educador Paulo Freire. Também
foram montadas ocas étnico-raciais, feitas de bambu, com técnicas
empregadas pelos nômades da Mongólia e indígenas da América do Norte;
tenda da saúde, com massagens e terapias; e Geodésica (que significa “na
forma da Terra”), feita a partir de formas geométricas presentes na
natureza. As primeiras ficarão no gramado até o fim de outubro. Serão
oferecidas oficinas de montagem e desmontagem, para capacitar pessoas
que poderão utilizá-las em outras ocasiões. A ideia é, futuramente,
desenvolver um trabalho multidisciplinar, mostrando como matemática,
história, biologia e outras disciplinas podem ser trabalhadas com essas
estruturas de maneira prática e interativa.
Como
sempre a Troca de Saberes também esteve atenta à sustentabilidade. Além
das ocas, construções agroecológicas, um filtro biológico permitiu que a
água utilizada durante o dia fosse reaproveitada na irrigação das
plantas do local. Também foi construído um fogão de barro, utilizado
durante o evento. Quem passava pela tenda podia ainda se deliciar com
uma variedade de frutas, cujas cascas foram reutilizadas no minhocário.
Para
o coordenador do evento, Willer Barbosa, a Troca de Saberes superou as
expectativas. “Foi fenomenal. Este local foi o nosso campo, nosso canto
de liberdade”. A reitora da UFV, Nilda de Fátima Ferreira Soares, citou o
envolvimento da comunidade e enfatizou a importância de valorizar o
conhecimento do homem do campo. “O saber que vem da vivência do dia a
dia é um grande saber. A universidade tem a missão de passar sua
tecnologia e seu conhecimento, mas também de reconhecer que nossos
agricultores trazem com eles muitos saberes”.
Além
de trabalhadores e trabalhadoras rurais, de representantes de ONGs, de
movimentos sociais e de estudantes e professores da UFV e de escolas
agrícolas, também participaram da Troca de Saberes representantes de
universidades da região. Eles vieram conhecer a experiência, com o
objetivo de levá-la a outras instituições de ensino. Segundo Willer,
houve uma mudança no perfil do público em relação aos anos anteriores,
notando um aumento significativo na presença de jovens, o que demanda
uma reavaliação do modo como o evento é organizado.
Para
encerrar a programação, foi realizada a dinâmica “Café do Mundo”, em
que os participantes puderam transitar entre vários grupos para pensar
sobre o evento, seus anseios e desejos para as próximas edições. “As
perguntas que procuramos responder foram: que sonhos temos para a Troca
de Saberes? Daqui a cinco anos, como queremos nossa região?”, explicou o
coordenador.
Também
estiveram na Troca o deputado federal Padre João, membro do Conselho
Parlamentar de Apoio à Agricultura Familiar, e Edmar Gadelha,
subsecretário de Agricultura Familiar, da Secretaria de Estado de
Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.
(Erika Vieira, bolsista - Fotos: Daniel Sotto Maior)
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